[FANFIC] Artífice | Prólogo

Oiê, meus bebês fanfiqueiros sedentos por literatura duvidosa! Como passaram os últimos dias? Eu vou bem, obrigada por perguntar.

Fiquei ponderando se postava o texto aqui ou não, mas resolvi que o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser, então vou postar sim.  A ideia é, em algum momento,  subir esse texto no Ao3 (em inglês) e no WattPad (em português) e ver se ele vinga de alguma forma.

Estou escrevendo aos poucos, com revisões coletivas feitas uma vez por mês, então não sei quando isso vai ficar pronto mas... É isso?

Apresento a vocês meu projeto de fanfic pós-cânone de Arcane: Artífice.

Obviamente, é só uma desculpa pra escrever a Jinx sendo uma pentelha sem remédio em vários cantos de Runeterra :D


Artífice 
Série: Arcane
Classificação: 16+, acho?
Personagens principais: Jinx, Ekko, Cailtyn Kiramann
Tags/TW: tentativa de suicídio, depressão, automutilação
Resumo: Enquanto Ekko e Vi lamentavam a perda de uma das pessoas que mais amavam, Caitlyn Kiramann não conseguia tirar os dutos de ventilação da estrutura dos Hexportais de sua cabeça. Ao mesmo tempo, a filha de Zaun dada como perdida segue sua jornada por Runeterra, tentando, no caminho, se encontrar.

 

ARTÍFICE 

Portais Hextec.
Uma tecnologia formidável, a grande joia da ciência de Piltover.
Um dia, Caitlyn Kiramann notou que os portais tinham saídas de ar que levavam ao Mar de Shurima.
Será que ela conseguira fugir? Onde estaria o corpo? Por que ela não entrou em contato?
Teria forjado a própria morte?
Cailtyn Kiramann continuava criando teorias e investigando o nada, como uma fuinha solitária em um labirinto.
E, então, um dia, um nome chamou sua atenção…


Eles chamavam a criatura de “Artífice”.

-- *** --

Em Piltover | O gatilho desenfreado

A cintila corria em suas veias contra a sua vontade, enquanto seu corpo voava por um corredor que parecia infinito, como esperado da força de explosão de uma gema hextec. Finalmente tudo estaria acabado. O ciclo seria encerrado, e ela finalmente deixaria de ser uma maldição. A escuridão tomava seus olhos, a exaustão corroía seu corpo e uma estranha alegria se inundava por sua existência.

O silêncio. O silêncio que havia passado pelo menos a última década desejando finalmente se aproximava. Tendo a certeza de que aquela era sua melhor escolha, e desejando o melhor àqueles que nela haviam acreditado em algum momento, ela se deixou levar pela inexistência.

Isha. Em breve, iria rever Isha.

***

Seu corpo formigava. A sensação era familiar, mas não facilmente identificável. Aos poucos, a consciência recobrava seu lugar de direito, e respirar ia se tornando mais real e mais difícil. O primeiro sentido a se fazer sentir foi sua audição, percebendo o fraco barulho de água que vinha de algum lugar – longe demais para ser perto e perto demais para não estar em distância caminhável – e identificando um pinga-pinga-pinga que começava a se tornar irritante. O segundo sentido a se fazer sentir foi seu olfato, e, com ele, o cheiro de mofo e maresia se misturavam de maneira esquisita, num aroma pavoroso que poucas pessoas achariam prudente usar como perfume.

Seu tato não demorou a querer participar do reavivamento também. Sentia seu corpo em uma superfície dura e úmida, e as roupas que usava pareciam encharcadas. Sentia seus cabelos grudando em seu rosto e, quando tentou se virar, uma dor excruciante percorreu seu corpo da raiz da ponta do cabelo até as pontas dos pés. Não era o que um ser humano esperaria para seu pós-vida, mas ela bem sabia que pouco de humano havia restado em sua frágil alma, então talvez essa fosse a maneira dos Kindred purgarem a sujeira de sua existência antes que encontrasse a Divina Julgadora. Os olhos já haviam percebido que onde quer que estivesse havia pouca luz, mas que em um ponto um tanto distante um brilho mais forte chamava a atenção. Talvez devesse abrir os olhos e descobrir em qual inferno havia desencarnado; talvez inclusive conseguisse ver um pouco daquela outra realidade que o Chefinho havia lhe contado durante seu surto compartilhado… Naquele dia.

Abriu os olhos e achou tudo muito familiar. O corpo doía de forma lancinante, mas não havia outra opção a não ser se levantar. O corpo formigou novamente e a dor cedeu um pouco, mas não o suficiente para fazer com que seus passos fossem mais rápidos. Tentando identificar onde estaria, percebeu que o ambiente úmido e mofado era um corredor; um corredor que lembrava mais do que ela gostaria dos esgotos de Zaun, com seu pé-direito apertado, teto abobadado e pedras pintadas de azul com sua tinta já descascada.

O corredor tinha três saídas: uma para a escuridão profunda, uma para cima (com uma escada – curioso) e a última, para a luz. Apoiando-se nas paredes úmidas e frias, ela caminhou a passos incertos em direção à luz. Sabia que aquele brilho lhe traria respostas.

Durante um momento de fraqueza, tropeçara nas próprias botas – que além de serem pesadas, estavam tão encharcadas quanto as calças rasgadas – se vendo novamente em um relacionamento sério com o chão. A dor havia diminuído, mas a exaustão ainda continuava.

O corpo formigou novamente. O cansaço diminuiu um pouco, e, com isso, foi possível se pôr novamente em pé e continuar indo de encontro à luz cada vez mais brilhante.

Ao invés de um lobo e uma ovelha, tudo o que via era… areia.

Quilômetros e quilômetros de areia, céu azul e oceano.

O corpo formigou novamente e, com a luz, ela foi capaz de observar suas mãos: sujas, cheias de cortes, com alguns hematomas que deixavam aos poucos de estarem roxos para se tornarem verdes e amarelados.

Olhou para baixo e notou que ainda usava suas roupas de guerra – ou o que havia sobrado delas. Boa parte de suas calças haviam sido queimadas e a faixa em seus seios estavam pela metade, expondo o torso magro. Seu capuz de tubarão por algum milagre havia saído intacto, assim como suas botas.

Percebeu que todo o seu corpo estava mais encharcado do que sentira antes e começou a se perguntar que porra de passagem era aquela onde mesmo com todo o arrependimento e boas ações dos últimos meses os Deuses não a julgavam digna de ter uma roupa decente para vestir.

Andou por alguns metros e se sentou na areia, sem se importar muito com seu estado de calças rasgadas, mostrando mais da coxa do que deveria; de suas faixas a ponto de exporem bem mais do que era prudente; de seu corpo machucado que não parava de formigar.

Não importava, pois logo os Kindred iriam buscá-la, certo?

Foi então que ela o avistou.

O opulento e prático navio mercante da família real de Ixtal, batizado de Princesa Qiyana por alguma razão bizarra que simplesmente não era do interesse dela.

E, graças a isso, resolveu prestar atenção aos seus arredores.

À sua frente, a imensidão do mar dava um pouco da visão distante de pirâmides e torres de povos e histórias antigas do deserto que havia do outro lado da massa de água. Já em suas costas, montanhas e florestas se misturavam com estruturas magníficas do que um dia foi conhecido como Portões do Sol. Em um de seus lados, era possível notar que o Porto começava a encerrar as atividades, o que significava que aquele navio possivelmente trazia apenas turistas e dignitários para lidar com o pós-guerra contra Noxus.

A última coisa que concluiu foi que os Kindred não viriam buscá-la, não naquela noite.

Ela não havia morrido.

E seu corpo continuava a formigar.

Jinx, ou o que restava dela, ainda habitava Runeterra. Sua redenção não havia chegado.

***

Dez dias. Dez dias que seu corpo não recebia absolutamente nenhum tipo de cuidado e continuava a funcionar. Já havia tentado de tudo: desde se enrolar em uma corda (não deu certo, pois a cintila tornou possível ficar em apneia por cerca de quarenta minutos), pular de uma das montanhas (a perna quebrada se curou em três dias), cortar seus pulsos de forma bastante profunda (não sangrou durante tempo suficiente) e, desde então, não havia comido ou bebido mas, aparentemente, as mudanças que Singed havia feito em seu corpo a impediam de morrer.

Só restou a Jinx chorar.

Lágrimas pintadas de cor de rosa que caíam em desespero. Então esse era o purgatório que teria de sofrer? Passar o resto de seus dias vendo tudo o que ama e todos que admira serem destruídos pelas suas próprias mãos e decisões ruins?

Deitada na areia como uma lagosta deixada para morrer, ela não percebeu que alguém havia sentado ao seu lado e que tentava puxar conversa.

– Você parece perdida. – disse a voz em um tom suave e melodioso. Entretanto, Jinx não estava a fim de conversar; a bem da verdade, tudo o que queria era deixar de existir.

– E você tá sendo um pé no saco. Cai fora.

Jinx, então, ouviu um riso contido misturado com um suspiro, mas não ouviu o corpo saindo de onde se encontrava. Foi então que olhou na direção de onde havia escutado a voz, e o que viu a deixou intrigada.

Uma vastaya com pernas de cabra e pele roxa, usando um longo capuz que parecia bastante envelhecido, olhava em direção ao mar. Seus cabelos platinados caíam sobre a areia presos em um rabo de cavalo, e um chifre saía de sua testa. Suas tatuagens brilhavam em consonância com a luz do luar e seus olhos arroxeados expressavam profunda gentileza.

– Sei que a dor que você carrega parece insuportável, mas não é encerrando sua existência que vai fazer com que ela pare.

Jinx ela voltou a observar as estrelas, cogitando talvez se infiltrar em algum navio pirata de Águas de Sentina e arranjar briga com os criminosos por lá.

Ah, sim, ela conseguia desviar dos ataques por reflexo. Que ótimo.

– Olha, se você quer jogar conversa fora, tem uns pescadores ali na frente e aposto que eles tem histórias incríveis pra te contar. Agora, vê se me erra.

– Você sabe que nenhum deles iria querer que você terminasse assim, Powder.

Aquilo fora a gota d’água.

Levantando com uma velocidade além do normal, ela puxou a vastaya pelo colarinho, seu olhar cheio de cólera com o brilho químico que caracterizava seus acessos de raiva. Jinx apertava o manto que a desconhecida usava com uma força capaz de estraçalhar não somente o tecido, mas a mulher de cabelos prateados não parecia abalada – ou mesmo surpresa – com a agressividade com a qual o seu conselho estava sendo recebido.

– Você não sabe nada sobre mim. Nada!

Ao longe, ela escutava as vozes de Mylo, dizendo-a que matar era a única coisa que sabia fazer bem, e Silco, a incentivando a mostrar àquela intrometida que estava se metendo onde não devia.

– Então cala a porra dessa boca com esse seu otimismo barato e some daqui antes que eu mate você.

A mulher vastaya continuava sem se abalar.

– E esse não é o meu nome. Vê se grava de uma vez, esquisitona. Jinx. Meu nome é Jinx.

Ainda que ela não tivesse tanta certeza de que esse nome ainda lhe cabia depois de todos os acontecimentos recentes.

Pegando-a pelos braços, a mulher vastaya se desvencilhou facilmente do aperto raivoso que recebia, colocando sua agressora de volta na areia como quem se separava de um filhote de gato. Pegando um cajado cuja ponta lembrava uma… banana? Não! Uma lua crescente, ela colocou o cajado em frente ao corpo e recitou um tipo de mantra:

– Estrelas, ouçam a mim!

Uma luz verde etérea e estranha tomou conta do lugar e, de repente, ela não estava mais com dores, nem cansada, nem com fome e, de alguma forma, não ouvia vozes ou estava triste. Era como se… Se ela ainda fosse a mesma da época de Isha.

– Em outra existência, eu ajudei seu pai. Mas creio que, nessa história, você esteja precisando mais de mim do que Warwick.

War o quê?

– Tá bom, digamos que você realmente possa me ajudar, duvido que vá fazer isso de graça. Anda logo, fala o que você quer, moça cabrita.

A vastaya riu de forma tão gentil quanto suas palavras. Sorriu de maneira calma e fitou diretamente os olhos magenta que a observavam em tom de deboche. Soltando o cajado, pegou em uma das mãos calejadas de sua interlocutora, as mãos que provavam todo o gênio e criatividade de uma alma que já havia sofrido demais. Inspirando profundamente, respondeu sem desviar o olhar:

– Quero que você me faça uma promessa.

Jinx arqueou a sobrancelha direita em clara expressão de desconfiança, cansaço e descaso.

– Me promete que você não vai desistir dessa segunda chance.

Jinx não sabia o que responder, ou o que fazer com aquela oferta. Então, como muito havia feito nos últimos dias e também havia não-feito nos últimos anos, Jinx respondeu da única forma que uma resposta catártica poderia ser:

Jinx se pôs a chorar copiosa e dolorosamente no colo da mulher vastaya.

Por hoje, é isso! Obrigada pela atenção e até o próximo post ;*

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Artemyss, bibliotecária e cosplayer. Divide o tempo entre reclamar da vida e jogar Borderlands. Fotógrafa, trilíngue, shippeira e fangirl. Blog de opiniões pessoais e cotidiano com assuntos aleatórios. Atualmente está refém das amarras do capitalismo e não consegue mais fazer lives, mas está o dia todo procrastinando no BlueSky 🦋 (+)

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